"A irreversibilidade do tempo"
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Desde Agosto do ano transacto que deixamos
esta "página em branco", porquanto outras temáticas urgentes que
impõem a nossa concentração necessária, face
ao aproveitamento que urge reter, foi o motivo pelo qual nos
mantivemos ausentes temporariamente.
Assim, face a notícia do desaparecimento
físico, nesta semana, de Stephen
Hawking, não podia deixar passar o momento sem que tecesse as nossas
considerações, que segue da seguinte forma:
Sim, efectivamente, este homem marcou uma
época, consideramos nosso contemporâneo, vivemos até alguns dias atrás momentos
de grande “efemeridade”, pois deixou-nos justamente nesta semana, a sua
falência física, oriunda da degeneração orgânica e material.
Afinal temos razão quando enfatizamos a
“verdade” de que somos matéria perecível que se degrada, obviamente pela
ocorrência da corrupção orgânica, uma vez que somos formados desta
especificidade, irreversivelmente vencidos pela morte material.
Mas continuando a falar sobre este homem,
tivemos pontos coincidentes aos quais estivemos perfeitamente de acordo e
perfilhamos o facto de que se não cuidarmos desta “casa plural” em
que habitamos certamente que pagaremos a factura “mais tarde”.
Muito embora já se ressente um tal “mal
estar” a forma como tratamos dos recursos naturais em que o desleixo, a incúria
e a sofreguidão exacerbada de ter e possuir o máximo em que os interesses
económicos se sobrepõem, a qualquer preço, mesmo que para isso coloque em
questão a qualidade de vida humana desejável, porquanto o “último que feche a
porta”.
Chegou de facto para nós humanos tamanha
irresponsabilidade. Este homem que rendeu o espírito e que jaz certamente no
“anonimato”, porque ninguém sabe para onde foi.
Embora temos afirmado peremptoriamente que
somos matéria, no entanto uma outra dimensão de vida sobrenatural ocorrerá na
vertente alma-espírito.
Certamente que se manterá,
o “status” que a compreensão humana está à quem de o entender, face
ao obscurantismo subjacente, talvez premeditado (…).
Que não é possível ao actual mundo
material conhecer de uma outra dimensão (…), porquanto temos vindo a extrapolar
o que ocorrerá subsequentemente (…)?!
Sendo que para isso experimentar a vida
material que vivemos é imperativo, podendo-se mesmo a afirmar obrigatório viver
no actual mundo em que habitamos revestido de um corpo matéria-perecível.
Quanto a vertente espiritual, que
acreditámos ser esse o destino último deste homem, quiçá de toda a humanidade,
uma vez que submetidos ao desfecho de uma vida que se vive e que termina no
actual espaço global onde estamos inseridos.
É verdade que temos também extrapolado
para esta verdade incomensurável e certamente que não é pacífica da forma como
o abordamos em nossos temas sob o título. “A irreversibilidade do tempo” (…).
É evidente que este mesmo tempo que nos
escraviza, que aprendemos a conviver com ele, a representarmos, cada um no seu
papel, com mais ou menos protagonismo, mas é assim a vida (…).
Quanto a este homem Stephen Hawking, admiramos confessamos sobretudo pela
coragem de se confrontar face a irreversível doença que o atirou
irremediavelmente para uma suposta inércia, contudo nunca conseguindo vencê-lo,
porquanto ele teimosamente reagiu a esta adversidade.
Escrevendo e
prosseguindo na sua convicção do “homem físico”, que era a especialidade aliada
a sua “alma-mater” que ele acreditava, ao qual teceu consideráveis pontos de
vista e notáveis alertas, que ficando em “banho maria” a semelhança de “lume
brando” que se consome (…).
No tempo em que vivemos
afinal também temos referido nos nossos discursos que a ansiedade de “viver”
aos humanos é uma constante e este homem não fugiu à regra marcado
por este anátema de vida “vivida”
em situação instável.
Assim, resta-nos desejar paz à sua alma, e
a vida que viveu “descontente”, possa eventualmente ser compensada noutra
dimensão de vida (…), pelo défice de uma vida que lhe coube viver nessas
circunstâncias.
Na expectativa de puder deixar mais
algumas percepções sobre o nosso tema a “irreversibilidade do tempo”. António
Cardoso.
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