segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A irreversibilidade do tempo (...) 2



A complexidade  do assunto achei que devia fazer um  aditamento ao que escrevi este mês, sobre o tema que me pronuncio mais uma vez, e certamente que não será  a última, porquanto tenciono ter o tema em aberto porque se reescreve a  cada instante  as percepcões que tenho  das histórias   que quero contar, e até  aquelas que ouvi contar pelos seus protagonistas que inspiraram sensibilidade e verdade, porque tudo gira à volta com o tempo  é esse tempo efémero que se escapa e que nos escraviza, porque nunca há tempo, o deixar de fazer o que deviamos causa-nos a nostalgia de saber o que é que ficou para trás?!
São multifacetadas as diversas situações que vou contar, a primeira passou-se comigo já alguns anos e a segunda que trago como exemplo não foi presenciado por mim, mas sei da veracidade destas afirmações, é um facto  não é desconhecido para ninguém está acessivel  a todos  que quiserem saber bem como os meios de informação são verosimeis desta sitiuação.
O tempo interfere directamente na vida das pessoas, já alguns anos me submeti a uma prova, pela  qual  teria que a desenvolver no espaço de tempo previsto de duas horas e meia, a prova traduzia-se em escolher  um dos cinco temas apresentados a discussão, fazer a introdução com síntese, o desenvolvimento e conclusão, teria que ter obrigatoriamente  cinco folhas escritas em A4, essa exigência apoderou-se do meu sistema nervoso deixando-me na contigência de que seria ou não capaz de raciocinar  e fazer a prova.
A sujeição desse  lapso espaço de tempo, duas horas e meia, condicionava o meu raciocinio, às vezes é determinante, pois estamos à merce desse tempo e vimos que existe uma incapacidade momentânea aliada a imposição  de que tem de ficar concluído, e dentro de mim, no meu caso em concreto, sabia que era capaz, essa subjectividade esteve presente no meu subconsciente, mas sentia-me forte, a medida que traçava as linhas principais do meu raciocínio que já o tinha conseguido e esta subjectividade se desvanecia gradualmente quando fechava os parágrafos.
A  segunda situação que vai descrita foi contada pela sua protagonista  e para um universo de pessoas que a ouviram, como eu. Trata-se de hospedeira da Air Emirates, que fazia võos com a tripulação com sede no Dubai. Ela conta que  num dos võos para Bangladesh, junto a saída do Aeroporto para cidade, se viam crianças e jovens  numa situação de miséria extrema, segundo ela disse para si,  que não podia ficar indiferente a essa pobreza, pensou e resolveu no momento que estava no Hotel, porque a tripulação ficava e era trocada no võo seguinte, falou com a direcção do Hotel para ir ver as barracas onde essas crianças e jovens ficavam.
Disseram-lhe que era perigoso lá ir, mas dada a  sua persistência, o Hotel ordenou o motorista para levá-la. No caminho ela falou com o motorista e  este disse-lhe como poderia ajudá-la, afirmando que apenas era o porteiro, só  os dois eram poucos, para levar por diante alguma expectativa era necessário mais dois ou três elementos. Com efeito juntaram-se  mais três elementos que conheciam do problema existente e tencionavam fazer algo. Reuniram-se e agora já com cinco elementos podiam trabalhar nesse sentido. Ela dizia que essas pessoas jovens, crianças, até os pais das mesmas crianças não tinham casa viviam na ruas as crianças  não sabiam o que é um sabonete,  uma pasta dentrifica, ou penso higiénico, não tinham certidão de nascimento, por conseguinte não estavam registadas em lado nenhum. Viviam nas ruas, em barracas, enfim miséria extrema.
A hospedeira lançou mãos a obra  e conseguiu que as habitações fossem um facto, agora já de construção de cimento com outras condições que não tinham, proporcionou a educação  a estas crianças e jovens, sendo o inglês indispensável como ferramenta de trabalho. Ainda no decurso das suas funções como hospedeira conseguiu através da Air Emirates  levar jovens para o Dubai para o mercado de trabalho. Sendo hoje algumas dessas jovens hospedeiras na air Emirates no Dubai.
Salienta o facto como é que é possível, o Dubai a quatro horas de distância sendo o País que é, e ali, tão próximo viverem essa gente nessa extrema pobreza, segundo ela  o Bangladesh  é um dos países mais pobres do mundo.
Do que fica é esse tempo sublime e obriga-nos a atitude, a conscencialização dos nossos actos e acções, sob pena de olharmos para trás e nos lembrarmos do que deixamos de fazer, a nostalgia, o desconforto, a insensibilidade, a indiferença, enfim quantos adjectivos negativos podiamos aqui enumerar, mas é justamente isso que é o ser humano a capacidade de nos interpelar e formular perguntas a nós próprios o que é que poderiamos fazer?!
Entretanto dado que o projecto foi amplamente bem sucedido,  a vida desta hospedeira  se modificou radicalmente, foi-lhe oferecido vencimento compatível  que ganhava na Air Emirates, tendo-se desvinculado para trabalhar nessa Instituíção, o tempo é justamente ele quem gere as nossas trajectórias  é  único em determinado espaço e lugar para aferir o que deve ser feito. António Cardoso

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