quarta-feira, 16 de setembro de 2015

"O bem vence o mal"



Não pretendo contar o filme, mas tão só reportar-me sobre ele com as minhas palavras quanto me ficou na retina e a percepção  de que nada me passou despercebido  deixando  um  sinal inevitável que o meu discurso faz relembrar de tudo outra vez.
Esta obra cinematográfica que o Mundo viu, conta o drama num dos momentos aúreos  do Império romano, houve um personagem pelo qual tem o lugar cimeiro neste contexto histórico porquanto este filme arrebatou o maior número de Óscares do Cinema americano.
Paradoxalmente, o que está subjacente não é o drama sobre qual é aqui contado protagonizado na pessoa de Charlton Heston .
 Ben Hur, este mercador judeu, mas  também outro judeu, da  raça anti-semita, Jesus de Nazaré, mas conhecido por “Cristo”, o “Filho de Deus”, que experimentou a morte como ninguém  e o Seu percurso  confrangedor  que culminou  com a sua crucificação,  é notável  ter o realizador deste filme William Wyler,  da Universal  Pictures , utilizado como pano de fundo este excerto da Vida pública de Jesus, esta” Via Sacra Real” para dar maior visibilidade,  afinal, tratava-se de uma injustiça, num e noutro caso, o primeiro o caso de Ben Hur é o drama propriamente dito,  de uma vida que face a injustiça  ser dado como criminoso num “acidente ocasional”, e passemos aos factos,  pois a pedra que se desprendeu da muralha da habitação, face ao estado secular dessa construção e obviamente pelo debruçar sobre a mesma no intuito de puderem verem passar o Governador  Romano ,  é sintomático que o peso exercido sobre a pedra  fizesse  desprender a argamassa onde esta pedra estava ligada, daí que o desmoronamento foi inevitável tendo atingido o  governador, que o feriu apenas,  mas podia ser fatal.
E noutro caso, o de Jesus de Nazaré, cuja sentença vem descrita: Sic " (Governador gratíssimo Pôncio Pilatos, regente da baixa Galiléia, e Herodes Antipas, Pontífices do Sumo Sacerdote Anás, Caifás, Alit Almael o Mago do Templo, Roboan Ancabel, Franchino Centurião, e Cônsules Romanos e da Cidade de Jerusalém Quinto Comélio Sublima e Sexto Pontílio Rufo; no dia XXV do mês de Março. "EU, Pôncio Pilatos, aqui Presidente Romano dentro do Palácio da Arquipresidência, julgo, condeno e sentencio à morte a Jesus chamado pela plebe Cristo Nazareno, e de pátria Galiléia, homem sedicioso da Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César; e determino, e pronuncio, pela presente, que sua morte seja na Cruz, e pregado com cravos como se usa com os réus, porque aqui congregando e juntando muitos homens ricos e pobres não parou de causar tumultos por toda a Judéia, fazendo-se filho de Deus e Rei de Jerusalém, ameaçando trazer a ruína para esta Cidade, e para seu Sagrado Templo, negando o tributo a César, e tendo ainda tido o atrevimento de entrar com palmas, em triunfo, e com parte da plebe, na Cidade de Jerusalém e no Sagrado Templo. E ordeno que meu primeiro Centurião Quinto Comélio leve publicamente Jesus Cristo pela Cidade, amarrado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado com alguns espinhos, com a própria Cruz nos ombros para que seja exemplo a todos os malfeitores; e com ele que sejam levados dois ladrões homicidas, e sairão pela Porta Sagrada, agora Antoniana, e que leve Jesus ao monte público da Justiça chamado Calvário, onde crucificado e morto fique o corpo na Cruz, como espetáculo para todos os malvados; e que sobre a Cruz seja colocado o título em três idiomas, e em todos os três (Hebraico, Grego e Latim) diga: IESUS NAZAR REX IUDAEORUM.
"Da mesma maneira, ordenamos que ninguém de qualquer estado ou qualificação atreva-se temerariamente a impedir tal Justiça por mim ordenada, administrada e executada com todo o rigor segundo os decretos e Leis Romanas e Hebréias, sob pena de rebelião ao Império Romano Testemunhos da Sentença: pelas 12 tribos de Israel, Rabain Daniel, Rabain seg.12, Joannin Bonicar, Barbasu, Sabi Potuculam. Pelos Fariseus, Búlio, Simeão, Ronol, Rabani, Mondagul, Boncurfosu. Pelo Sumo Sacerdócio, Rabban, Nidos, Boncasado, Notarios desta publicação; pelos Hebreus, Nitanbarta; Pelo Julgamento, e pelo Presidente de Roma Lúcio Sextilio, Amásio Chlio." Fim. “fim de citação”
 Não era de facto necessário fazer constar o teor da sentença, uma vez  que a maior parte dos meus interlocutores conhecem-na, convém dar veracidade a um assunto tão pertinente como acabamos de ouvir este relato que pesquisei de forma a ser autêntica e puder proporcionar uma discussão, sobre uma determinada visão que, salvo o devido respeito,  não deverá ser descurada.
E para fortalecer o que acabo de dizer, segue o meu excerto que já fi-lo noutras ocasiões e noutro contexto: Sic_veja-se Sagrada Escritura: “«Pilatos  disse-lhes» «Que hei-de fazer então de Jesus, chamado Cristo?» Responderam todos: «Seja crucificado»! Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?» Mas eles gritaram cada vez com mais força: «Seja crucificado»! Pilatos, vendo que não conseguia e que o tumulto aumentava cada vez mais, mandou vir água e lavou as mãos em presença da multidão, dizendo: Estou inocente  do sangue deste  Justo. Isso é convosco”. É este gesto de Pilatos lavando as mãos eximindo-se portanto de qualquer culpa.
Pilatos sentiu-se impotente para dirimir a contenda, ficando apenas o seu célebre chavão: “Eu lavo as minhas mãos”.
Portanto Pilatos sabia que Jesus era inocente, mas face ao tumulto e a insurreição soltou Barrabás, um assassino, e condenou Jesus de Nazaré, como se duas das faces da mesma moeda, mas diferentes  nos seus caracteres.
Coincidir esta estranha ironia da Vida e toda a sua complexidade trazendo a ribalta um caso e outro, penso que não é somente um mero acaso, mas providencial, para incutir na humanidade, os percalços da vida, a sua imprevisibilidade, a sua imperfeição.
Temos assistido inúmeras injustiças em todo mundo, e se acabam.., acabam mal, com guerras, e outras há que continuam, como se um fogo latente pronto a incendiar. É assim este Mundo em que vivemos.
Continuemos e passemos aos factos, no Século I, este drama emblemático em que ocorre em Jerusalém, mercador judeu e um outro amigo Messala que era Chefe das legiões romanas, na cidade houve um desentendimento por questões e visões políticas, onde coexistia um certo mal estar por posições contrárias entre Bem Hur e Messala.
 O governador de Jerusalém entrava na cidade com aparato e uma Legião de Soldados o acompanhava, a passagem  prosseguia, e nas varandas das habitações as pessoas viam os cavaleiros da Legião Romana  e soldados apeados, e o insólito  aconteceu quando da varanda onde se encontrava Ben Hur e sua família, sua mãe, irmã a presenciarem a passagem do governador se desprendeu uma pedra e caiu justamente aquando da passagem do Governador tendo-o atingido.
Este tumulto desencadeou uma onda de violência houve mortes no local entre o povo e os soldados, chegando mesmo a pensar-se nalguma conspiração, tendo sido preso e encarcerado Ben Hur, sua mãe e sua irmã foram igualmente presas.
Mais tarde Ben Hur é deportado com escravo agrilhoado nos tronozelos enviado para uma embarcação uma Galera Romana. Houve lutas em alto mar entre Soldados Romanos e os outros piratas, tendo sido destruída a Galera em que seguia Bem Hur e o seu Comandante o General Arrius, a  Galera naufragou pelos danos causados. O General e Bem Hur foram os únicos sobreviventes.
Com este desfecho o General quis suicidar-se, tendo sido impedido por Ben Hur pois o desequilíbrio mental que o afligia por ter a Galera naufragado e apenas os dois sobreviventes Bem Hur e o General. Regressados a Roma, o General foi triunfalmente recebido pelo Imperador Romano Tibério César, tendo o General feito questão de que Bem Hur o deveria acompanhar e usurfruir também da honra e glória de que estava a ser alvo por sentir-se  reconhecido, afinal ele é quem o salvou.
Ben Hur voltou a Jerusalém volvidos alguns anos de deportação, procurou imediatamente Messala que o acusou e perguntou pela sua família, sua mãe e irmã, que estavam presas, tendo Messala com evasivas  desvalorizando a situação. Ben Hur deu um ultimato de vinte e quatro horas para que dissesse onde estavam.
Soube que estava presas, e terem sido reconduzidas para fora da cidade no albergue para “Leprosos”, em virtude de contraírem lepra na prisão.
Sua namorada sabia do que se passava e vivia o transe, dizendo que não sabia, tudo não era mais do que para o preservar pois o contágio da doença era eminente, daí que a sua namorada o impedisse de o fazer. Até que Ben Hur segue sua morada e esconde-se e verifica que ela vai visitar sua mãe e sua irmã, contra a vontade de todas, sua mãe, irmã e Namorada, Bem Hur, pois não pode conter-se a angústia é tanta e abraça a mãe e a irmã.
Retira-os desse albergue, elas estão desfiguradas com é evidente, face a doença da lepra. E caminham por montes e vales e eis quando coincide com da “via sacra” no sentido real, sofrimento máximo de Jesus Cristo, depois de sentenciado por Pilatos vai a caminho da crucificação, escoltado por soldados Romanos porque Jerusalém era uma colónia romana.
O povo judeu aqueles que pertenciam ao cristianismo seguiam Jesus,  mulheres e homens, de repente Ben Hur, sua mãe, irmã e namorada se veem envolvidos nesta caminhada,  não se pode ficar indiferente face a tanta crueldade e também vão neste ritual, esta “via sacra real”. De repente o semblante do Céu rasga-se e uma tempestade cai vertiginosamente, a pontos de a mãe e a irmã, ao receberem uma chuva inesperada, esta chuva limpou-as da lepra, a pele de uma e outra se rejuvenesceu, elas alegres deste milagre, agradeciam a Deus.
Ben Hur e sua família, sua mãe, irmã e namorada seguiram Jesus e acreditaram N,Ele cumpriram esta “via sacra” conduzindo Jesus até Seu Calvário, não foi certamente um acaso tudo isso, isto é,  esta convergência o sofrimento e conspirado que foi Bem Hur, sofreu a deportação, vexame da prisão sua e da sua família, esta injustiça e outra a de Jesus Cristo mais incisiva por Lhe levou à Morte. Uma e outra são injustiças que os humanos carregam até se provar o contrário. Embora os tempos diferentes e com mais possibilidades de defesa, sobretudo pelas instituições das Liberdades e Garantias dois Cidadãos e dos Direitos Humanos ainda a dureza da vingança fala mais alto e faz as suas vítimas.
Finalmente há acerto de contas entre Ben Hur e Messala, este sente-se atingido pela conspiração infundada, e para dirimir este diferendo, aceita que uma corrida na Arena com impacto que isto dá ao povo, o protagonismo e porque está na génese do povo romano as questões de honra e não só, são postas na praça pública e perante um grande auditório se combate um e outro e certamente que o bem vencerá.
Marcou-se um combate com carros puxados a cavalos, obviamente,  Messala não jogou um jogo limpo, aliás é índole dos “supostos mais fortes”, porque sabem do estatuto que têm e jogam tudo para ganhar, inclusivamente a vida  aí  é posta à mercê do espectáculo inolvidável. O carro puxados por cavalos de Messala junto as rodas continham umas láminas  não regulamentares para destruir as rodas do adversário, isto é, as laminas encostadas no carro do adversário, neste  caso  a do Ben Hur provocava danos, até mesmo  perder uma roda e seria prejudicial, pois o carro capotaria e os cavalos perderiam o controle era a derrocada.
Postos no terreno de combate, fizeram algumas voltas a arena, o Messala a fustigar os cavalos batendo-os com o chicote para andarem mais depressa e atropelando o outro com essas laminas para destruí-lo e eis que Messala tentou fustigar com o chicote ao seu adversário Ben Hur, este puxou o chicote e Messala desequilibrou-se porque ele ao segurar o chicote ficou fora do carro, já sem rodas caiu e foi trucidado pelos seus próprios cavalos, que o pisaram tendo sido amordaçado e as mazelas profundas levaram irreversivelmente à morte.
Finda a corrida Ben Hur é ovacionado e colocam-no uma de folha de louros sobre sua cabeça. Sai vitorioso.

Ao iniciar este meu excerto  não era meu desejo ser tão extenso, mais este excerto certamente vai aclarar a minha perspectiva porque é a “pedra de toque” consciente e inconsciente (…)  que me impele a conjecturas e percepções que nada é ao acaso. António Cardoso

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