Não pretendo contar o filme, mas
tão só reportar-me sobre ele com as minhas palavras quanto me ficou na retina e
a percepção de que nada me passou
despercebido deixando um sinal inevitável que o meu discurso faz
relembrar de tudo outra vez.
Esta obra cinematográfica que o
Mundo viu, conta o drama num dos momentos aúreos do Império romano, houve um personagem pelo
qual tem o lugar cimeiro neste contexto histórico porquanto este filme
arrebatou o maior número de Óscares do Cinema americano.
Paradoxalmente, o que está
subjacente não é o drama sobre qual é aqui contado protagonizado na pessoa de
Charlton Heston .
Ben Hur, este mercador judeu, mas também outro judeu, da raça anti-semita, Jesus de Nazaré, mas
conhecido por “Cristo”, o “Filho de Deus”, que experimentou a morte como
ninguém e o Seu percurso confrangedor que culminou com a sua crucificação, é notável
ter o realizador deste filme William Wyler, da Universal Pictures , utilizado como pano de fundo este
excerto da Vida pública de Jesus, esta” Via Sacra Real” para dar maior
visibilidade, afinal, tratava-se de uma
injustiça, num e noutro caso, o primeiro o caso de Ben Hur é o drama
propriamente dito, de uma vida que face
a injustiça ser dado como criminoso num “acidente
ocasional”, e passemos aos factos, pois a
pedra que se desprendeu da muralha da habitação, face ao estado secular dessa
construção e obviamente pelo debruçar sobre a mesma no intuito de puderem verem
passar o Governador Romano , é sintomático que o peso exercido sobre a
pedra fizesse desprender a argamassa onde esta pedra estava
ligada, daí que o desmoronamento foi inevitável tendo atingido o governador, que o feriu apenas, mas podia ser fatal.
E noutro caso, o de Jesus de
Nazaré, cuja sentença vem descrita: Sic " (Governador gratíssimo Pôncio Pilatos, regente da
baixa Galiléia, e Herodes Antipas, Pontífices do Sumo Sacerdote Anás, Caifás,
Alit Almael o Mago do Templo, Roboan Ancabel, Franchino Centurião, e Cônsules
Romanos e da Cidade de Jerusalém Quinto Comélio Sublima e Sexto Pontílio Rufo;
no dia XXV do mês de Março. "EU, Pôncio Pilatos, aqui Presidente Romano
dentro do Palácio da Arquipresidência, julgo, condeno e sentencio à morte a
Jesus chamado pela plebe Cristo Nazareno, e de pátria Galiléia, homem sedicioso
da Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César; e determino, e
pronuncio, pela presente, que sua morte seja na Cruz, e pregado com cravos como
se usa com os réus, porque aqui congregando e juntando muitos homens ricos e
pobres não parou de causar tumultos por toda a Judéia, fazendo-se filho de Deus
e Rei de Jerusalém, ameaçando trazer a ruína para esta Cidade, e para seu Sagrado
Templo, negando o tributo a César, e tendo ainda tido o atrevimento de entrar
com palmas, em triunfo, e com parte da plebe, na Cidade de Jerusalém e no
Sagrado Templo. E ordeno que meu primeiro Centurião Quinto Comélio leve publicamente
Jesus Cristo pela Cidade, amarrado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e
coroado com alguns espinhos, com a própria Cruz nos ombros para que seja
exemplo a todos os malfeitores; e com ele que sejam levados dois ladrões
homicidas, e sairão pela Porta Sagrada, agora Antoniana, e que leve Jesus ao
monte público da Justiça chamado Calvário, onde crucificado e morto fique o
corpo na Cruz, como espetáculo para todos os malvados; e que sobre a Cruz seja
colocado o título em três idiomas, e em todos os três (Hebraico, Grego e Latim)
diga: IESUS NAZAR REX IUDAEORUM.
"Da mesma maneira, ordenamos que
ninguém de qualquer estado ou qualificação atreva-se temerariamente a impedir
tal Justiça por mim ordenada, administrada e executada com todo o rigor segundo
os decretos e Leis Romanas e Hebréias, sob pena de rebelião ao Império Romano
Testemunhos da Sentença: pelas 12 tribos de Israel, Rabain Daniel, Rabain
seg.12, Joannin Bonicar, Barbasu, Sabi Potuculam. Pelos Fariseus, Búlio,
Simeão, Ronol, Rabani, Mondagul, Boncurfosu. Pelo Sumo Sacerdócio, Rabban,
Nidos, Boncasado, Notarios desta publicação; pelos Hebreus, Nitanbarta; Pelo
Julgamento, e pelo Presidente de Roma Lúcio Sextilio, Amásio Chlio." Fim. “fim de citação”
Não era de facto necessário fazer constar o teor da sentença,
uma vez que a maior parte dos meus
interlocutores conhecem-na, convém dar veracidade a um assunto tão pertinente como
acabamos de ouvir este relato que pesquisei de forma a ser autêntica e puder
proporcionar uma discussão, sobre uma determinada visão que, salvo o devido
respeito, não deverá ser descurada.
E para fortalecer o que acabo de dizer, segue o meu excerto
que já fi-lo noutras ocasiões e noutro contexto: Sic_veja-se Sagrada Escritura: “«Pilatos disse-lhes» «Que
hei-de fazer então de Jesus, chamado Cristo?» Responderam todos: «Seja
crucificado»! Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?» Mas eles gritaram cada vez
com mais força: «Seja crucificado»! Pilatos, vendo que não conseguia e que o
tumulto aumentava cada vez mais, mandou vir água e lavou as mãos em presença da
multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste Justo. Isso é
convosco”. É este gesto de Pilatos lavando as mãos eximindo-se portanto de
qualquer culpa.
Pilatos sentiu-se impotente
para dirimir a contenda, ficando apenas o seu célebre chavão: “Eu lavo as
minhas mãos”.
Portanto Pilatos sabia que
Jesus era inocente, mas face ao tumulto e a insurreição soltou Barrabás, um
assassino, e condenou Jesus de Nazaré, como se duas das faces da mesma moeda, mas
diferentes nos seus caracteres.
Coincidir esta estranha ironia
da Vida e toda a sua complexidade trazendo a ribalta um caso e outro, penso que
não é somente um mero acaso, mas providencial, para incutir na humanidade, os percalços
da vida, a sua imprevisibilidade, a sua imperfeição.
Temos assistido inúmeras
injustiças em todo mundo, e se acabam.., acabam mal, com guerras, e outras há
que continuam, como se um fogo latente pronto a incendiar. É assim este Mundo
em que vivemos.
Continuemos e passemos aos
factos, no Século I, este drama emblemático em que ocorre em Jerusalém,
mercador judeu e um outro amigo Messala que era Chefe das legiões romanas, na cidade
houve um desentendimento por questões e visões políticas, onde coexistia um
certo mal estar por posições contrárias entre Bem Hur e Messala.
O governador de Jerusalém
entrava na cidade com aparato e uma Legião de Soldados o acompanhava, a
passagem prosseguia, e nas varandas das
habitações as pessoas viam os cavaleiros da Legião Romana e soldados apeados, e o insólito aconteceu quando da varanda onde se
encontrava Ben Hur e sua família, sua mãe, irmã a presenciarem a passagem do
governador se desprendeu uma pedra e caiu justamente aquando da passagem do
Governador tendo-o atingido.
Este tumulto desencadeou uma onda de violência houve mortes
no local entre o povo e os soldados, chegando mesmo a pensar-se nalguma conspiração,
tendo sido preso e encarcerado Ben Hur, sua mãe e sua irmã foram igualmente
presas.
Mais tarde Ben Hur é deportado com escravo agrilhoado nos tronozelos
enviado para uma embarcação uma Galera Romana. Houve lutas em alto mar entre Soldados
Romanos e os outros piratas, tendo sido destruída a Galera em que seguia Bem Hur
e o seu Comandante o General Arrius, a
Galera naufragou pelos danos causados. O General e Bem Hur foram os
únicos sobreviventes.
Com este desfecho o General quis suicidar-se, tendo sido impedido
por Ben Hur pois o desequilíbrio mental que o afligia por ter a Galera
naufragado e apenas os dois sobreviventes Bem Hur e o General. Regressados a
Roma, o General foi triunfalmente recebido pelo Imperador Romano Tibério César,
tendo o General feito questão de que Bem Hur o deveria acompanhar e usurfruir
também da honra e glória de que estava a ser alvo por sentir-se reconhecido, afinal ele é quem o salvou.
Ben Hur voltou a Jerusalém volvidos alguns anos de deportação,
procurou imediatamente Messala que o acusou e perguntou pela sua família, sua
mãe e irmã, que estavam presas, tendo Messala com evasivas desvalorizando a situação. Ben Hur deu um
ultimato de vinte e quatro horas para que dissesse onde estavam.
Soube que estava presas, e terem sido reconduzidas para fora
da cidade no albergue para “Leprosos”, em virtude de contraírem lepra na
prisão.
Sua namorada sabia do que se passava e vivia o transe,
dizendo que não sabia, tudo não era mais do que para o preservar pois o
contágio da doença era eminente, daí que a sua namorada o impedisse de o fazer.
Até que Ben Hur segue sua morada e esconde-se e verifica que ela vai visitar
sua mãe e sua irmã, contra a vontade de todas, sua mãe, irmã e Namorada, Bem Hur,
pois não pode conter-se a angústia é tanta e abraça a mãe e a irmã.
Retira-os desse albergue, elas estão desfiguradas com é
evidente, face a doença da lepra. E caminham por montes e vales e eis quando
coincide com da “via sacra” no sentido real, sofrimento máximo de Jesus Cristo,
depois de sentenciado por Pilatos vai a caminho da crucificação, escoltado por
soldados Romanos porque Jerusalém era uma colónia romana.
O povo judeu aqueles que pertenciam ao cristianismo seguiam
Jesus, mulheres e homens, de repente Ben
Hur, sua mãe, irmã e namorada se veem envolvidos nesta caminhada, não se pode ficar indiferente face a tanta
crueldade e também vão neste ritual, esta “via sacra real”. De repente o
semblante do Céu rasga-se e uma tempestade cai vertiginosamente, a pontos de a mãe
e a irmã, ao receberem uma chuva inesperada, esta chuva limpou-as da lepra, a
pele de uma e outra se rejuvenesceu, elas alegres deste milagre, agradeciam a
Deus.
Ben Hur e sua família, sua mãe, irmã e namorada seguiram
Jesus e acreditaram N,Ele cumpriram esta “via sacra” conduzindo Jesus até Seu Calvário,
não foi certamente um acaso tudo isso, isto é, esta convergência o sofrimento e conspirado
que foi Bem Hur, sofreu a deportação, vexame da prisão sua e da sua família,
esta injustiça e outra a de Jesus Cristo mais incisiva por Lhe levou à Morte. Uma
e outra são injustiças que os humanos carregam até se provar o contrário. Embora
os tempos diferentes e com mais possibilidades de defesa, sobretudo pelas instituições
das Liberdades e Garantias dois Cidadãos e dos Direitos Humanos ainda a dureza
da vingança fala mais alto e faz as suas vítimas.
Finalmente há acerto de contas entre Ben Hur e Messala, este
sente-se atingido pela conspiração infundada, e para dirimir este diferendo,
aceita que uma corrida na Arena com impacto que isto dá ao povo, o protagonismo
e porque está na génese do povo romano as questões de honra e não só, são postas
na praça pública e perante um grande auditório se combate um e outro e
certamente que o bem vencerá.
Marcou-se um combate com carros puxados a cavalos, obviamente,
Messala não jogou um jogo limpo, aliás é
índole dos “supostos mais fortes”, porque sabem do estatuto que têm e jogam
tudo para ganhar, inclusivamente a vida aí é posta
à mercê do espectáculo inolvidável. O carro puxados por cavalos de Messala junto
as rodas continham umas láminas não
regulamentares para destruir as rodas do adversário, isto é, as laminas
encostadas no carro do adversário, neste
caso a do Ben Hur provocava
danos, até mesmo perder uma roda e seria
prejudicial, pois o carro capotaria e os cavalos perderiam o controle era a
derrocada.
Postos no terreno de combate, fizeram algumas voltas a arena,
o Messala a fustigar os cavalos batendo-os com o chicote para andarem mais
depressa e atropelando o outro com essas laminas para destruí-lo e eis que
Messala tentou fustigar com o chicote ao seu adversário Ben Hur, este puxou o
chicote e Messala desequilibrou-se porque ele ao segurar o chicote ficou fora
do carro, já sem rodas caiu e foi trucidado pelos seus próprios cavalos, que o
pisaram tendo sido amordaçado e as mazelas profundas levaram irreversivelmente
à morte.
Finda a corrida Ben Hur é ovacionado e colocam-no uma de
folha de louros sobre sua cabeça. Sai vitorioso.
Ao iniciar este meu excerto
não era meu desejo ser tão extenso, mais este excerto certamente vai
aclarar a minha perspectiva porque é a “pedra de toque” consciente e
inconsciente (…) que me impele a conjecturas
e percepções que nada é ao acaso. António Cardoso
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