domingo, 5 de junho de 2016
"A irreversibilidade do tempo" (...) 118
O tempo é este "viver e envelhecer", porquanto o envelhecimento do corpo é também o rejuvenescer da alma, porque envelhecer significa atravessar o tempo.
A vida gera as nossas emoções e os ciclos cujos parâmetros estabelecem como coordenadas da nossa vida que são faseadas por períodos constantes que se sucedem em determinadas etapas da nossa vida.
Ora se envelhecer e rejuvenescer, esta dicotomia porquanto são diametralmente opostas, contudo a oposição de um estado real que é o envelhecimento impera uma nostalgia.
Rejuvenescer é o pressuposto agradável pela estimativa e avaliação que complementa todo um estado anímico mais confortável.
É com esse estado vigente em que as conjecturas, percepções, divagações, toda uma série de cogitações transcorrem no nosso subconsciente para induzir a predisposição enérgica cujo vigor se reflecte num estado psicológico propício e afectivo.
São sensações que o nosso subconsciente regista com grande contentamento que se radica interiormente trazendo a serenidade e paz espiritual.
O tempo este "condicionador" sem precedentes na história da humanidade, adverte-nos para a realidade que o paradigma da juventude é continuar "sempre novo", tentando escapar o envelhecimento este processo natural irreversível.
Contudo a grande celebração dos ciclos em que a nossa vida se insere como que um sistema se tratasse é processada pelo "mestre de cerimónia" que é o tempo.
É este tempo alucinante e decisivo das nossas vidas com o qual vivemos em duas instâncias, designadamente temporais: o tempo "kronos" e tempo "kairós" e referimo-nos superficialmente ao que está concebido na "mitologia grega".
O tempo nestas divisões de ordem e ocorrência ele regista e reportando ao modelo do tempo "kronos", é um tempo que se assemelha ao de relógio, um tempo-coisa, com delimitações estanques e escalas numéricas.
Sendo um tempo de poder, das divindades, dominações e que se representa sem limites é opressor e consequentemente devorador de tudo quanto cria.
Quanto ao tempo "kairós", é um tempo cronológico e objectivo, simbolizado por números e contável, não traduz "assimetrias" de carácter humano, contudo é organizado, com ordem, certeza, constância e hierarquia.
E como exemplo: referimos aos símbolos da bandeira do Brasil, "Ordem e progresso", este imperativo do positivismo lógico é a expressão sintomática de que "sem ordem não há progresso", é a dignidade da vida e do respeito humano aqui traduzidos.
Há no entanto nostalgia do envelhecimento, porquanto viver no próprio tempo é viver consigo mesmo, essa noção entristecedora da velhice: saber que está condicionado pelos movimentos e que o corpo já não obedece por diminuir o seu vigor e que o indivíduo não "fuja" dele mesmo.
Contudo não podemos deixar passar este momento para dizermos o que uma mulher de oitenta e tal anos afirmou este interessante relato que reproduzimos:
"Durante a nossa juventude, estamos voltados para a vida externa. Temos obstáculos no trabalho, na família e vamos vencendo rompendo com as barreiras, e nos vangloriamos com as vitórias."
"Quando chegamos a velhice nós temos que enfrentar um dos maiores desafios: o encontro com nós mesmos. É nesse momento que vamos-nos encontrar de verdade, vamos-nos conhecer."
"Olhamos face a face para nós. Não é agradável este encontro. Algumas vezes fico pensando se eu não tivesse feito isso ou aquilo como teria sido a minha vida (...). O tempo é quando criança que percebemos que o tempo passou depressa".
Assim pensamos que este tema a "irreversibilidade do tempo" constitui para o indivíduo em particular a consciencialização de que o momento ou o instante, esta ínfima parcela de tempo, é tão relevante (...) sobretudo se não soubermos levar a "bom porto" as nossas expectativas assertivas sobre esta realidade.
O tempo flui e com ele a irreversibilidade, o instante que era tão decisivo, no qual colocamos toda a nossa convicção e esperança, esgotou-se por ser irreversível.
Assim o nosso discurso procurou encontrar a direcção exacta para deixar mais algumas percepções sobre o tema a "irreversibilidade do tempo". António Cardoso
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