segunda-feira, 3 de julho de 2017

"A irreversibilidade do tempo" (...) 349


No tempo e na vida que se vive existe a convicção que se traduz pela actual “existência física”, uma vida concreta de que “alguém” é portador, uma certeza que é a vida de A, B ou C.

Evidentemente que a vida da pessoa A, B ou C é uma relação de pessoa para pessoa, sendo por isso exclusiva cada uma tem inevitavelmente um “tempo de vida”.

Que é “aquele tempo” que lhe couber porque terá que viver no actual espaço global onde se está inserido.

Porquanto as pessoas mantêm com o tempo uma vivência,  tempo e pessoa, a semelhança dos factores de uma fracção, o numerador e o denominador, sendo que o numerador é o tempo infinitamente superior que o denominador que é a pessoa A, B ou C.

Examinando os vínculos entre tempo e pessoa, a ligação que se estabelece é forte e indissolúvel como se de um casamento se tratasse, em que uma das partes cessa esse vínculo por ocorrência da morte.

No caso do tempo, ele continua sempre, com o cônjuge A, B ou C,  sendo portanto a única diferença, mas o que está patente nesta extrapolação para a realidade da vida (...) é que o tempo e pessoa estão intimamente ligados.

Acontece que o tempo é que "encerra determinado espaço de tempo de vida", uma incógnita, porque ninguém sabe qual o tempo de vida que viverá.

Se tivermos em consideração, que é em determinado período, uma época X, uma vigência temporal que determinada pessoa vive, porque certamente o seu destino "último" ocorrerá inevitavelmente.

Assim, a diferença existente incide principalmente sobre as pessoas, porque estas terminam condicionadas da "vida material" que vivem no actual espaço global.

Porque é uma "vivência temporária" e que termina (...) ainda que se perspective determinado futuro sucederá certamente.

Contudo é a característica da vida que indica esta particularidade infalível existir em determinado tempo, e deixar de existir(...).

Porque se é organicamente constituído por corpo-matéria perecível, submetido às condições das leis naturais, porque tudo o que é material e orgânico, degrada-se esse fenómeno é irreversível.

Claro que o momento presente em que se pondera (...) é deprimente e nostálgico o fim "trágico da vida", que é a sua extinção como matéria.

Porque a espécie humana é revestida de um corpo, enquanto existência física, a viver determinada "vida material".

Este imperativo com qual a humanidade já se habituou a viver constitui uma "marca" no tempo, mais do que uma representação simbólica, é algo mais sério implícito na vida das pessoas.


Assim, na expectativa de que o nosso discurso puder deixar mais algumas considerações sobre o tema a "irreversibilidade do tempo", fizemos desta forma. António Cardoso

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