quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

"A irreversibilidade do tempo" (...) 262



A vida é efémera um acontecimento natural, face a especificidade que a vida tem essa vertente que é única porque é passageira, um desígnio enquanto vida material.

Ao mundo material que é o actual, em que vivemos, não é possível ter o conhecimento do “sobrenatural”, porquanto uma outra etapa acontecerá (…) aquando da falência desta actual vida material.

Significa dizer que, a incapacidade deste mundo material ter esse conhecimento reside no facto da incompatibilidade entre o “sobrenatural e o material”.

No tocante ao "material" temos essa  experiência no nosso corpo-matéria, perecível, enquanto existência física a viver uma “vida material”, porque somos organicamente assim formados.

Quanto ao “sobrenatural” por se tratar de algo estranho, de outro mundo, não se confina ao mundo material, uma oposição diametral que as separa.

Logicamente, o que é "material" , refere-se  a matéria, o que é “sobrenatural” , é um estado além da matéria uma superioridade, “sublimidade”.

É o que nos reserva após da experiência desta actual “vida material” que vivemos, quando ocorrer a sua extinção pela falência orgânica, enquanto existência física a viver num corpo-matéria.

O que equivale a dizer que essa extinção que ocorre em “determinada pessoa”enquanto existência física a viver num corpo-matéria sujeita às condições das leis naturais que inevitavelmente termina.

A passagem do tempo (…), vai desactualizando “determinada pessoa”, enquanto existência física, a viver uma “vida material”, tornando cada vez mais efémera a sua permanência terrena, porquanto mais se aproxima da sua finitude de vida.

Contudo, há momentos, face a vida despreocupada, parece-se que se está a viver uma "vida suplementar", algo que foi acrescentado, uma sensação que se adicionou, porquanto é apenas uma convicção, a vida decorre lindamente, os negócios idem , e assim por adiante a vida de facto é uma festa (...).

Porém há outros momentos nostálgicos, devido a uma reflexão, uma introspecção que do subconsciente vasculha o âmago, existem queixumes, divagações, perplexidades, um estado sombrio se apodera.

Porquanto, é o valor da vida que está causa, pois efectivamente, se pensa que a vida que vivemos, não é "eterna",  e esta nostalgia significa também a responsabilidade porque se avalia como levamos a vida?!

Esta obsessão inquieta-nos, porquanto o desejo e ânsia de "viver" ultrapassa todos os obstáculos e dificuldades, contudo vencidos pela irreversibilidade do tempo, porque condiciona, se por um lado, vai debilitando organicamente a nossa construção, enquanto existência física.

Por outro lado, porquanto sabendo a priori que como existência física, num corpo material, é uma condição imperativa, porque  termina claramente pela degradação da matéria, perecível, que é o caso da humanidade.


Assim nessa expectativa deixamos o presente discurso sobre o  nosso tema a "irreversibilidade do tempo", com estas considerações. António Cardoso

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