quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"A irreversibilidade do tempo (...) 291



O tempo é a semelhança de um circuito que tem como ponto de referência a trajectória de um percurso coordenado por uma actividade que se desenvolve à sua volta.

Contudo, não em espaço fechado mas circunscrito a uma permanência de tempo que "alguém" tem para viver.

Esta permanência de espaço temporal que se expressa em tempo de vida  que "alguém" tem para viver, sobretudo uma limitação de determinado tempo, enquanto existência física vinculado a um corpo material.

A concepção que se tem da "vida", é que ela é efémera, para além de ser uma evidência é algo que tem sido transmitido como verdadeira e irreversível e que passa de geração em geração.

Esta definição não é exagerada, mas algo concreto e real e que por isso se expressa pela autenticidade da manifestação que a humanidade tem como tangível no seu processo histórico, como percepção do seu entendimento racional e lógico.

É de facto uma sobrevivência limitada, se considerarmos a existência temporal de "alguém" uma vigência de tempo de vida variável que está condicionada de pessoa para pessoa, claramente porque ninguém vive o tempo que quer.

Os estreitos vínculos com a vida que vivemos, caracterizadas pelas relações diversas, na família, no trabalho, nos amigos e outras relações esta capacidade de estabelecer estes laços formam a identidade da humanidade e da pessoa em particular.

São características herdadas de um passado conjugadas com o presente que se aglutinam por algo que vem reforçar e unir, traduzidas pela tradição como valores a preservar: reciprocidade, e o sentimento colectivo de solidariedade, e o espírito de cooperação.

É reconfortante para determinada pessoa a sensação da permanência no tempo que se prolonga, o que significa maior longevidade, portanto vive mais tempo, proporcionando estabilidade.

Ao contrário da conotação negativa, que se traduz pela fugacidade vertiginosa de um destino infalível cada vez mais perto e irreversível.

Esta ansiedade de viver é intensa, porque se manifesta em actos e acções traduzidas por um leque diversificado de realizações pessoais e profissionais, que permite inverter alguma nostalgia que se prende com a "finitude existencial", consubstanciada pela falência orgânica de que é condição da humanidade. 

A espécie humana está assim condicionada, viver uma "vida material" que tem como base material e orgânica, sendo que a falência desta última equivale a dizer que determinada pessoa deixa de viver.

Portanto, viver uma "vida material",enquanto existência física é  a susceptibilidade da condicionante material, de que a especificidade humana está submetida.

Este imperativo de viver uma "vida material", condicionada a determinado tempo de permanência de vida, em espaço temporal que é o actual mundo em que vivemos.

Significa que a humanidade é organicamente formada por corpo-matéria perecível, e que a consequente degradação da matéria é um facto inevitável.

Conscencializados deste pressuposto irreversível, compete a "especificidade humana" viver claramente a "vida material" que lhe couber, porquanto quando ocorrer a falência orgânica, saberá que deixará de viver.

Assim, na expectativa de que o nosso discurso possa deixar mais algumas considerações sobre o tema a "irreversibilidade do tempo", fizemos desta forma. António Cardoso.

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